CINCO ESCRITORES AFRICANOS QUE REVOLUCIONARAM O JEITO DE ENSINAR


A Lei 10.639/03 , que torna obrigatória o ensino de cultura africana nas salas de aula das escolas brasileiras , já vem mudando o jeito com que os alunos enxergam a África . 
Para Tânia Macedo, do Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo, a inclusão de nomes africanos nas aulas de Língua Portuguesa contribui para desmistificar muito do que o senso comum pensa sobre a África. “É um jeito de entender uma versão que não conhecemos. Muita gente imagina que a África é um país, onde todo mundo é igual e todos vivem em tribos. Quando leem que há árabes por lá ou percebem, por meio das narrativas, como os africanos são diferentes entre si se surpreendem”, explica.
Esse continente tão importante na história do nosso país é a fonte de muitos hábitos culturais que temos por aqui . Em artigo publicado na revista Ecos, a especialista em literatura Renata Beatriz Brandespin Rolon defende que ao apresentar autores africanos de Língua Portuguesa, a escola media e estabelece diálogos com outras literaturas e contribui para a quebra de preconceitos.
Clicando nas fotos abaixo , você irá conhecer mais sobre 5 escritores africanos que mudaram o jeito de dar aula no Brasil . 

AVISO : Clicando nas fotos você sairá do nosso site e será redirecionado para o link do blog Gente Que Educa .
MIA COUTO
Primeiro Africano a ganhar o prêmio União das Literaturas Românticas . 

Pepetela
Vencedor do prêmio Camões 

Ondjak
Venceu o prêmio Jabuti na categoria juvenil


                                         
                                                                       Nadime Gordiner 

                                                      
Naguib Mahfouz
Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1988. 


                                   

BIBLIOTECA NACIONAL LANÇA PROJETO PARA DIVULGAR TEMÁTICA AFRICANA


Rio de Janeiro - Divulgar a cultura africana por meio de livros específicos sobre o assunto é um dos objetivos do projeto de Pontos de Leitura Temáticos: Ancestralidade Africana no Brasil, lançado na noite de hoje (12) pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN).
De início serão dez pontos de Leitura espalhados pelas cinco regiões do país, em capitais ou municípios do interior. Cada local terá 1,2 mil livros, sendo a metade referente às temáticas ligadas à matriz africana. Nos pontos haverá também o registro das histórias orais e a produção de material bibliográfico para propiciar a troca de informações entre as comunidades.
O presidente da FBN, jornalista e escritor Galeno Amorim, ressaltou a importância de se divulgar a história e a cultura da África, continente de onde veio grande parte da população brasileira, mas que até hoje ainda é pouco estudado no sistema de ensino oficial.]

“É preciso sempre lembrar que o Estado brasileiro tem uma dívida histórica muito grande com o povo negro. O Brasil tem que fazer políticas afirmativas e procurar formas de resgatar essa dívida. É no campo da cultura que se enfrenta o racismo e se cria novas formas de buscar maior integração da sociedade. E os livros têm papel preponderante nesse processo”, disse.
O projeto é coordenado pela FBN, com a participação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e da Secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura.
Amorim explicou que os pontos de leitura são menos institucionais que as bibliotecas e podem ser instalados de maneira mais informal em locais representativos para a comunidade, desde associações até centros culturais ou religiosos. Após a implantação dos pontos de matriz africana, haverá a continuidade do projeto, mas direcionado às comunidades indígenas.
Durante a solenidade, na Biblioteca Nacional, também houve o lançamento do livro Contos e Crônicas do Mestre Tolomi, escrito por Paulo Cesar Pereira de Oliveira, trazendo uma narrativa sobre a tradição Yorubá, que veio para o Brasil com os escravos da região onde hoje é a Nigéria e continua disseminada no país, seja por meio da culinária, da cultura ou do idioma.
“Nós temos uma lei [federal], a 10.639 [de 2003], que obriga o ensino da história da África e dos afro-descendentes na escola. E esse livro visa justamente a contribuir com isso. São cinco contos localizados dentro da tradição Yorubá, na Nigéria, e também um minidicionário Yorubá-Português. Nós temos a lei, mas ela não está sendo aplicada. Então esse livro vem como contribuição à aplicação da lei”, destacou.

África Antiga e Medieval

África Antiga e Medieval

Queremos, inicialmente, dizer que há pouco material historiográfico sobre o continente africano. O estudo a seguir é baseado, principalmente, em textos, como o dos professores Nelson e Claudino Piletti, em Situação de Aprendizagem proposta pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, para o 1º ano do Ensino Médio, além de textos e imagens dos sites Brasil Escola, Wikipédia e Google.  No final, inserimos um link sobre uma aula do Telecurso para o Ensino Médio…
África ou Áfricas?
A África é vista como o mais pobre dos continentes. No entanto, cabe perguntarmos: ela sempre foi pobre? Alguns países cooperaram para esta pobreza africana? Ela é pobre economicamente, mas rica natural e culturalmente?
Atualmente, a África possui 50 países independentes e cerca de 970 milhões de habitantes, distribuídos em uma área de 30 milhões de quilômetros quadrados. Na verdade, há, pelo mesmo, duas “Áfricas” bastante distintas. Uma é a região do Egito, por causa de sua importância no surgimento de algumas sociedades complexas, e outra, a África subsaariana, que se desenvolveu ao sul do deserto do Saara. Como um grande continente que é, a África representa uma enorme massa continental, constituída por diferentes nações e reconhecida pela sua enorme variedade de aspectos naturais
Para conhecermos um pouco o contexto histórico da África, aproveitaremos a contribuição dos professores Nelson e Claudino Piletti abaixo:
O comércio transaariano
Na África, a história da humanidade é mais longa do que em qualquer outro continente. Como já vimos, os primeiros hominídeos teriam aparecido no continente há pelo menos 4 milhões de anos e viveram nas regiões oriental (perto da costa do mar Vermelho e do oceano Índico) emeridional (próximo aos atuais territórios da Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue). Algumas dessas comunidades humanas saíram do território africano para outras regiões, como a Mesopotâmia e a Europa. Outras permaneceram no continente.
Enquanto os povos que habitavam a região do Nilo tiveram um desenvolvimento vertiginoso entre 3000 a.C. e 1000 a.C., no restante da África o desenvolvimento das técnicas de agricultura e de criação de animais foi lento e gradual. Em muitos lugares, até os primeiros séculos da Era Cristã, prevaleceram sociedades atreladas à caça e à coleta de alimentos na natureza.
Algumas populações, no entanto, começaram a se sedentarizar e passaram a construir casas, a plantar arroz, trigo e outros cereais e a criar carneiros, cabras e gado para sua alimentação. Isso permitiu um aumento do número de habitantes e passou a haver comida suficiente para todos. Essas várias comunidades, ainda pequenas, abriram rotas com o objetivo de comercializar entre si os seus excedentes e também o sal, mercadoria de grande valor utilizada para cozinhar e conservar a carne no clima quente da região. Para realizar essas viagens, a população necessitava atravessar o deserto do Saara e, por isso, a atividade ficou conhecida como comércio transaariano.
Como o terreno a ser percorrido era muito acidentado – ora montanhoso, ora alagadiço ou então desértico –, para que o comércio pudesse se desenvolver os povos africanos passaram a fazer uso de animais capazes de se adaptar a vários tipos de terreno e de clima. Primeiro, tentaram os bois, mas eram lentos e limitados; depois foi a vez do cavalo, introduzido aproximadamente em 1000 a.C. Apesar de ágil, o animal era difícil de ser encontrado e poucos podiam ter um. A grande mudança veio quando eles passaram a utilizar o camelo, nos primeiros séculos da Era Cristã.
Esse animal, fantasticamente adaptado às condições climáticas africanas, era capaz de transpor terrenos que nenhum veículo de rodas conhecido àquela época conseguiria. Além disso, passava vários períodos sem beber água, o que lhe permitia aguentar as longas travessias do deserto do Saara. Duas vezes mais rápidos e capazes de carregar duas vezes mais carga do que os bois (aproximadamente 250 quilos), os camelos passaram a ser domesticados e criados em grande quantidade inicialmente na atual região do Sudão e logo se espalharam por todo o território africano.
As grandes caravanas de comerciantes que se organizavam na região do Nilo e percorriam a África setentrional começaram a usar os camelos não apenas para transportar seus produtos, mas também para serem negociadas.
Com os camelos, os africanos puderam se movimentar em grandes grupos, não apenas através do Saara, mas também em direção ao sul. Mesmo assim, na costa ocidental do sul da África, o desenvolvimento das populações não foi tão grande em virtude da existência, na região, de uma mosca chamada tsé-tsé, que transmitia uma doença capaz de dizimar as populações de camelos, bovinos e cavalos.
As religiões africanas
Por ser um continente muito extenso, diversas religiões manifestaram-se na África, ao longo da história. Nas partes mais próximas à Europa e à Ásia, foi significativa a influência do Judaísmo. Essa religião se espalhou por várias cidades do norte do continente africano, pelas rotas de comércio que saíam da Palestina, desde pelo menos o século V a.C. Em direção ao sul, os judeus chegaram à fronteira norte do Império Kush, também por volta do século V a.C. Os judeus, no entanto, nunca tiveram a pretensão de converter grandes massas populacionais.
Mais tarde, o Cristianismo e o Islamismo se fizeram presentes na África de forma intensa. O Cristianismo logo passou a ser a religião dominante no Império de Axum. Ainda assim, o Cristianismo só entrou na África de maneira mais definitiva depois do século XV. Já o Império Islâmico conquistou, no século VIII, todo o norte africano e a região do deserto do Saara, convertendo milhares de pessoas.
Na África ocidental, junto à costa do Atlântico, assim como na África meridional, outras religiões e crenças se desenvolveram ao longo dos anos. Seus habitantes atribuíam a elementos da natureza – vegetais, animais, rios ou fenômenos naturais – um caráter sagrado. Essas práticas – conhecidas como totemismo e animismo – visavam celebrar tais elementos e promover a união mais perfeita entre os seres humanos e a natureza. Elas estão presentes até os dias de hoje no continente.
As sociedades africanas
Na história da África antiga algumas sociedades acabaram se tornando mais conhecidas em virtude de sua longevidade ou importância política e econômica dentro do continente e também por suas relações com persas, gregos e romanos.
A seguir, estudaremos os cartagineses – uma sociedade que desempenhou importante papel econômico e se desenvolveu no norte do continente, onde hoje estão a Tunísia, a Líbia e a Argélia – e alguns povos subsaarianos que floresceram nas regiões conhecidas como África oriental, ocidental e central.
  • O Império Kush (1700 a.C. a 300 d.C.)
Entre 3600 a.C. e 1700 a.C., a região da Núbia, onde hoje se localizam o Sudão e a Eritreia, esteve sob o domínio e colonização do Egito. Por volta de 1700 a.C., os núbios já haviam conquistado sua independência e eram, além dos egípcios, a única sociedade a ter um Estado forte na África, o Império Kush, com um pequeno grupo de letrados e população predominantemente urbana.
Historiadores acreditam que o Primeiro Império Kush, existente entre 1700 a.C. e 1500 a.C., teve oito reis. A grandiosidade de suas sepulturas – maiores do que as encontradas no Egito naquela época – oferecem uma ideia do grande poder desse império.
Em 1500 a.C., no entanto, os egípcios voltaram a dominar a região, o que fez com que algumas famílias da aristocracia se mudassem para o sul, para a cidade de Napata (atual Sudão). Lá, em 1100 a.C., os núbios ergueram o Segundo Império Kush.
Daí em diante, começaram a expandir suas fronteiras ao sul, até adiante da sexta catarata do Nilo, e ao norte, conquistando primeiramente Kerma – principal cidade do Primeiro Império Kush –, em 900 a.C. Em 750 a.C. invadiram o próprio Egito, de onde foram expulsos, em 663 a.C., pelos assírios.
Durante todo o Segundo Império, a economia de Kush foi muito pequena se comparada à do Egito. No máximo, viviam 500 mil habitantes sob o comando de um soberano. A agricultura era incipiente e apenas de desenvolvia às margens dos rios. Esses eram pouco navegáveis, em virtude do terreno acidentado e das próprias cataratas do Nilo. Além disso, os cuxitas estavam sob constantes ameaças de invasão e saque por parte dos povos nômades que viviam na região. Mesmo assim, eles se destacaram no comércio entre a África subsaariana e as sociedades próximas ao mar Mediterrâneo.
A partir do século IV a.C., não há mais registros da permanência do Império Kush que, ao que tudo indica, foi dominado pelo Império Axum…
Os hebreus e os cushitas (africanos)
Pretendo estudar mais sobre este assunto, mas por hora, quero destacar a relação muito próxima que havia – no passado – entre os hebreus (povo da Bíblia) e os africanos. Encontramos muitas referências aos egípcios (principalmente), aos cuxitas, aos etíopes e assim por diante. 
=> Sobre os Cushitas ou Cuxitas:
- um dos povos africanos, se desenvolveu no sul do Egito e corresponde, hoje, ao Sudão e a Eritreia:
- é descendente de Cão, um dos filhos de Noé (Gn 10.6).
- Moisés, grande legislador hebreu, formou-se em toda ciência do Egito, foge para Midiã (Arábia Saudita) e lá casa-se com Zípora (Êx 2.21).
- em Números 12.1, encontramos referência de um (“segundo”) casamento de Moisés com uma mulher cuxita.
- em Isaías 45.14, os cuxitas são tratados como uma nação “militar e comercialmente poderosa”, coincidindo com o Império Kush, que teve seu apogeu entre 1700 a.C e 300 d.C.
- na época do esplendor deste império, a rainha etíope (Rainha de Sabá) visitou o rei Salomão (dos hebreus) para ouvir a sua sabedoria (1Re 10.1-6).
- em Atos 8 encontramos referência a mais uma rainha etíope. Parece que, diferente de outros povos, na Etiópia as mulheres tinham direitos iguais aos dos homens. Um de seus príncipes, eunuco de Candace (uma espécie de dinastia das rainhas guerreiras da região), ouve o EVANGELHO através de Filipe; depois disto é batizado, seguindo o seu caminho, levando as boas novas para sua região – Atos 8.26 a 39) (*).

  • O povo cartaginês (século VI a.C. a I a.C.)
Entre os séculos VIII a.C. e VII a.C. os fenícios fundaram a cidade de Cartago na região onde hoje localiza a cidade de Túnis, na Tunísia. No século VI a.C., Cartago se tornou uma cidade com autonomia e independência em relação à Fenícia.
O povo cartaginês constituiu um império sólido na região, sobretudo durante o século V a.C., período em que alcançou sua máxima extensão: seus domínios estendiam-se desde o atual Marrocos, no oeste, até o golfo de Sidra, na atual Líbia, a leste. Suas possessões incluíam ilhas no mar Mediterrâneo e algumas terras no oeste da Sicília, divididas com cidades gregas.
Cartago distinguiu-se desde cedo como uma potência naval e militar no mediterrâneo. Sua estratégia era inicialmente evitar os combates com gregos e romanos no mar e estender seus domínios no norte da África, onde começou a exercer influência e supremacia sobre outros povos. Lá, submetiam duramente as populações mais pobres e extraíam lucros altíssimos das trocas com as sociedades menos desenvolvidas do ponto de vista tecnológico. Desses povos, recebiam ouro, prata e cobre em troca de objetos artesanais.
As populações conquistadas deviam não apenas pagar tributos à cidade de Cartago, mas também fornecer soldados que engrossavam as fileiras do exército cartaginês. Com essa política, o Império Cartaginês conseguiu conquistar mais terras, além de incrementar sua frota naval. Os tributos cobrados às colônias eram geralmente de cerca de um quarto da colheita, mas em tempos de guerra poderiam chegar à metade.
A administração do Império Cartaginês era composta de um rei, um conjunto de sufetes – os máximos magistrados em cada localidade – e ainda um conselho de cem pessoas. Todos esses cargos eram escolhidos por uma pequena parcela da população, a aristocracia, nobre de nascimento e de fortuna. No século III a.C., o poder do rei ficou diminuído em prol dos sufetes.
A economia cartaginesa era movimentada principalmente pelo comércio. A cidade tinha o monopólio comercial com vários povos desde 348 a.C. Gregos e romanos julgavam Cartago uma cidade exclusivamente comercial e a mais rica de todo o mediterrâneo.
Por seus portos altamente desenvolvidos passavam escravos, tecidos, vários produtos do comércio com regiões subsaarianas, metais brutos etc. Os cartagineses afundavam toda embarcação intrusa e estabeleciam também tratados comerciais com possíveis concorrentes, como algumas cidades etruscas e a cidade de Roma. Nenhuma delas, no entanto, fazia frente, até o século IV a.C., a Cartago.
O fim do Império Cartaginês deu-se pelo enfrentamento com Roma, nos séculos III a.C. e II a.C., nas Guerras Púnicas. Roma, uma grande cidade por volta do século III a.C., precisava conquistar Cartago para exercer sua hegemonia também sobre o norte da África. Mesmo tendo ganho algumas batalhas, Cartago perdeu as três Guerras Púnicas e sofreu um lento processo de agonia.
  • A sociedade de Axum (século I d.C. a X d.C.)
Entre os séculos V a.C. e IV a.C., um grupo de habitantes da península Arábica, fugindo do deserto, se estabeleceu na região africana onde hoje se localizam a Eritreia e o norte da Etiópia, na costa do mar Vermelho. Ali, fundaram a cidade de Adúlis e, recebendo influências dos povos locais, expandiram seu território e fundaram a cidade de Axum.
Inicialmente, o reino que então se formou não era maior do que um retângulo de aproximadamente 160 km por 300 km. O enriquecimento do reino em virtude do comércio, porém, deu condições para sua expansão. O Império de Axum, que se constituiu como tal no século I d.C., atingiu seu apogeu no século IV d.C., quando conquistou o Império Kush. Seu território nessa época já compreendia o norte da atual Etiópia, todo o atual Sudão e até mesmo alguns territórios na península Arábica.
A localização e a extensão desse império favoreceram o surgimento de um importante centro comercial. Junto à costa do mar Vermelho, os axumitas, como eram conhecidos, se estabeleceram como um dos principais povos mercadores de toda a Antiguidade. Arqueólogos encontraram ali objetos vindos do Mediterrâneo e da China.
Todo o tráfico mercante romano feito com a Índia passava necessariamente pelo mar Vermelho e, consequentemente, por Axum. A cidade logo se transformou no mais importante centro comercial de chifres de rinoceronte e de marfim, um objeto indispensável ao luxo da sociedade romana. Toda essa movimentação comercial está expressa na cunhagem de moeda própria, em ouro, prata ou bronze.
A população se concentrava principalmente em cidades como Adúlis, Axum ou Matara. Suas edificações eram construídas ao redor dos edifícios principais da administração do Estado.
Na época da conquista do Império Kush, os axumitas, que eram politeístas e faziam cerimônias religiosas relacionadas à agricultura, à criação de animais e à grandiosidade de seu império, adotaram o Cristianismo como religião. Ezana teria sido o primeiro rei cristão da África.
Muitas das causas da queda de Axum guardam relação com o fato de ter se tornado um império cristão. Com isso, estremeceram as relações com os povos vizinhos, que professavam outras religiões. Além disso, com a queda do império Romano do ocidente, em 476, as trocas comerciais com a Índia ficaram mais fáceis de serem feitas por terra, evitando a passagem pelo mar Vermelho e por Axum, o que certamente empobreceu o império africano.
  • O Reino de Gana (300 d.C. a 1300 d.C.)
Na África ocidental, que compreende toda a parte do continente a oeste do deserto do Saara, o desenvolvimento das primeiras sociedades complexas foi sensivelmente diferente do processo dos impérios do Oriente.
As cidades concentradas ao sudoeste do Saara enriqueciam com o comércio transaariano, que negociava produtos de todas as partes da África setentrional. Algumas dessas cidades, estabelecidas próximo ao litoral do oceano Atlântico, cresceram aos poucos graças a esse comércio e se transformaram em reinos.
Conforme se desenvolviam, tornavam-se mais complexas e precisavam de uma estrutura administrativa mais ampla. Além disso, passavam a prevalecer sobre as cidades vizinhas, incorporando-as aos seus domínios. O primeiro desses impérios foi Gana, surgido como um pequeno Estado em torno do ano 300 na região onde hoje se localizam a Mauritânia e o Mali.
Aos poucos conquistou uma região bastante extensa, mas distante do Atlântico. Sua riqueza era conhecida por toda a África. Mesmo que os historiadores não tenham conseguido estabelecer uma data precisa para sua transformação em império, sabe-se que seus governantes viviam em palácios altamente luxuosos e decorados com o ouro encontrado com certa abundância em regiões próximas.
Quando os imperadores morriam, seus funerais eram celebrados com grande pompa. Objetos de uso pessoal e de luxo eram enterrados com eles; seus servos mais próximos eram enterrados vivos.
Estima-se que a população de todo o Império de Gana não tenha ultrapassado os 100 mil habitantes. O clima, mais árido do que o predominante no Império Kush, não permitia o desenvolvimento de uma agricultura significativa na costa oeste. Os produtos agrícolas e os de origem animal eram trazidos a Gana por meio das rotas de comércio transaarianas.
Cerca de um milênio depois do início do Reino de Gana, um outro povo se desenvolveria na região, e cresceria até se tornar um império maior que o de Gana. Era o império de Mali, que incorporou Gana a seus domínios por volta de 1300.
Pretendemos falar, mais à frente, sobre o processo que ficou conhecido como neocolonialismo e seu impacto sobre o continente africano…
Destaques:
  • Duas Áfricas: a África, terceiro maior continente, é subdividida em duas grandes partes: África Mediterrânea ou Islâmica ou Setentrional e África Subsaariana. 
 

Deserto do Saara: divisão entre as duas Áfricas.
=> África Setentrional: maioria dos habitantes, de origem árabe e seguidora do Islamismo. Possui os melhores indicadores econômicos do continente. Merecem destaques nesta região, as proximidades do rio Nilo e o Marrocos que recebem milhares de turistas todo o ano.
=> África Subsaariana: “… com população majoritariamente negra (esta região) apresenta grande diversidade cultural. A pluralidade religiosa é uma característica dessa porção continental, onde há cristãos, muçulmanos (…), judeus, além de várias crenças tradicionais. Os diversos grupos étnicos possuem dialetos, danças e costumes próprios, fato que contribui para a riqueza cultural da África. Porém, em alguns países, vários conflitos armados são desencadeados por diferentes grupos étnicos.” (Fonte: Brasil Escola).
- “Civilizados até o tutano dos ossos!”: frase de Léo Frobenius, que indica o espanto dos europeus ao concluírem que o reino do Congo era civilizado. O espanto indica que eles não esperavam encontrar sociedades organizadas na África, sinal de que partiram do pressuposto de que eram superiores aos povos que viviam fora da Europa…
- “A África foi uma ‘invenção’ europeia”: frase que problematiza a visão preconceituosa criada pelos europeus sobre a África e os africanos, e como isso fortaleceu o estabelecimento de perspectivas preconceituosas sobre este continente.

Fontes:

  • FRANCISCO, Wagner de Cerqueira e. As duas Áfricas. www.brasilescola.com.br. Acesso em 18/10/2012.
  • Caderno do professor – História. SEE-SP, 2009: Ensino Médio, Vol.4, pág. 29.
  • PILETTI, Nelson e Claudino. História e vida – Integrada. 5ª série. São Paulo: Ática, 2005.
  • TELECURSO – Ensino Médio. Aula 13: África Antiga e Idade Média. Vídeo. Acesso em 23/10/2012.
  • www.youtube.com.br. Acesso em 18/10/2012.
  • (*) Reflexão postada no FACEBOOK em 20/12/2012 por Alcides Barbosa de Amorim.
Retirado site: http://alcidesbarbosadeamorim.com.br/?p=378


África


Falamos até agora de coisas que acontecem na África mas o que é a África?
A África é o terceiro continente mais extenso (atrás da Ásia e da América) com cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados, cobrindo 20,3 % da área total da terra firme do planeta. É o segundo continente mais populoso da Terra (atrás da Ásia) com cerca de um bilhão de pessoas (estimativa para 2005), representando cerca de um sétimo da população mundial, e 54 países independentes.
Apresenta grande diversidade étnica, cultural, social e política. Dos trinta países mais pobres do mundo (com mais problemas de subnutrição, analfabetismo, baixa expectativa de vida), pelo menos 21 são africanos. Apesar disso existem alguns países com um padrão de vida razoável, mas não existe nenhum país realmente desenvolvido na África. A Líbia, Maurícia e Seicheles têm uma boa qualidade de vida. Ainda há outros países africanos com qualidade de vida e índices de desenvolvimento razoáveis, como a maior economia africana, a África do Sul e outros países como Marrocos, Argélia, Tunísia, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
A África costuma ser regionalizada de duas formas, a primeira forma, que valoriza a localização dos países e os dividem em cinco grupos, que são a África setentrional, a África Ocidental, a África central, a África Oriental e a África meridional. A segunda regionalização desse continente, que vem sendo muito utilizada, usa critérios étnicos e culturais (religião e etnias predominantes em cada região), é dividida em dois grandes grupos, a África Branca ou setentrional formado pelos oito países da África do norte, mais a Mauritania e o Saara Ocidental, e a África Negra ou subsaariana formada pelos outros 44 países do continente.
E sobre a sua cultura?
A cultura da África reflete a sua antiga história e é tão diversificada como foi o seu ambiente natural ao longo dos milénios. A África é o território terrestre habitado há mais tempo, e supõe-se que foi neste continente que a espécie humana surgiu; os mais antigos fósseis de hominídeos encontrados na África (Tanzânia e Quênia) têm cerca de cinco milhões de anos. O Egito foi provavelmente o primeiro Estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo neste continente, ao longo dos séculos (por exemplo, Axum, o Grande Zimbabwe). Para além disso, a África foi, desde a antiguidade, procurada por povos doutros continentes, que buscavam as suas riquezas.
O continente africano cobre uma área de cerca de 30 milhões de quilômetros quadrados, um quinto da área terrestre da Terra, e possui mais de 50 países. Suas características geográficas são diversas e variam de tropical úmido ou floresta tropical, com chuvas de 250 a 380 centímetros a desertos. O monte Kilimanjaro (5895 metros de altitude) permanece coberto de neve durante todo o ano enquanto o Saara é o maior e mais quente deserto da Terra. A África possui uma vegetação diversa, variando de savana, arbustos de deserto e uma variedade de vegetação crescente nas montanhas bem como nas florestas tropicais e tropófitas.
Como a natureza, os atuais 800 milhões de habitantes da África evoluíram um ambiente cultural cheio de contrastes e que possui várias dimensões. As pessoas através do continente possuem diferenças marcantes sob qualquer comparação: falam um vasto número de diferentes línguas, praticam diferentes religiões, vivem em uma variedade de tipos de habitações e se envolvem em um amplo leque de atividades econômicas.

OS BLOGUEIROS DA ETIÓPIA


Nove blogueiros e jornalistas moradores da Etiópia , estão presos por acusações de terrorismo . Infelizmente , eles ainda estão presos , sem direito de se expressar e nem de levar notícias de seu país para outros lugares . Agora : Por quê ?

Entre 25 e 26 de Abril de 2014, nove blogueiros e jornalistas etíopes foram presos. Enquanto comemorávamos o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, eles estavam a ser detidos no notório gabinete central de investigação de Adis Abeba. Embora ainda não tenham sido apresentadas acusações formais, o grupo é acusado de “colaborar com activistas estrangeiros de direitos humanos” e “usar as redes sociais para desestabilizar o país”. Se forem julgados ao abrigo da polémica Lei Anti-Terrorismo da Etiópia, poderão enfrentar a pena de morte.

As detenções fazem parte de uma tendência perturbadora na Etiópia, que tem sido classificada nos últimos anos como um dos lugares mais repressivos para a liberdade de imprensa. De acordo com o Comité para a Protecção de Jornalistas, na última década mais jornalistas abandonaram a Etiópia do que qualquer outro país do mundo. Para os que ficam na Etiópia, a possibilidade de serem acusados de terrorismo por criticarem o governo é um risco bem real.
Se o actual rascunho for implementado, esta lei poderá fornecer ao governo etíope um poderoso instrumento para reprimir a dissidência política, incluindo manifestações políticas pacíficas e críticas públicas à política do governo que sejam consideradas como um apoio à actividade da oposição armada.

Desde a aprovação da lei, o que ela veio precipitar foi exactamente o que os grupos activistas previram. Em menos de quatro anos, mais de 200 pessoas foram presas ao abrigo da lei anti-terrorismo e mais de 35 jornalistas e líderes da oposição foram condenados por terrorismo.

Aparentemente as vítimas mais recentes desta política repressiva são seis jovens profissionais membros de um grupo de blogueiros chamado Zone 9  e três jornalistas. O momento das detenções, ironicamente, coincidiu com a visita do Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, que exprimiu preocupação pelo grupo numa conferência de imprensa . A indignação pelas detenções também se está a espalhar rapidamente nas redes sociais; do Facebook ao Twitter e até numa página no Tumblr . Na página do grupo Zone 9 ainda se pode ler o seu lema desafiador: “Blogamos porque nos importamos”.

Entre os jornalistas presos está Tesfalem Waldeys, repórter veterano e antigo editor do popular jornal Addis Neger, que se tornou um dos primeiros jornais independentes a fechar depois da aprovação da Lei Anti-Terrorismo. Enquanto vários dos seus colegas do Addis Neger fugiram do país, Tesfalem permaneceu e conquistou a reputação de jornalista freelance profissional e respeitado.

A ameaça personificada pelos blogueiros, jornalistas e livres-pensadores da Etiópia é que estão a introduzir uma radical ideia nova — a ideia de um país mais livre e mais democrático. Eles representam uma geração de jovens africanos que se atreve a exigir mais dos governos, cuja fonte de legitimidade se baseia na lamentável pobreza das populações dos seus países. Esta ideia, que a prisão dos blogueiros e jornalistas tornou ainda mais contagiosa, continua a espalhar-se na sua ausência.

Fonte : Global Voices Online 

PROJETO NA ÁFRICA DO SUL USA CELULARES PARA INCENTIVAR A LEITURA


Realmente é incrível como os Africanos conseguem arranjar um jeito para amenizar os seus problemas . Um projeto na áfrica do Sul, intitulado FunDza Literacy Trust está se aproveitando da imensa onda de vendas de aparelhos celulares, e usaram eles para incentivar a leitura no país . A blogueira Laura Kubuitsile tem participado do projeto e disse:
As histórias começam às sextas-feiras. Cada história tem sete capítulos e um cada capítulo é enviado para os celulares das crianças diariamente. A minha página na FundZa contém todas as histórias que eu escrevi .


LITERATURA CONTEMPORÂNEA ( DOS DIAS DE HOJE )



A literatura africana contemporânea  não tem recebido, especialmente nos países de língua portuguesa, a devida atenção, merecida por sua importância cultural. Ela tem se manifestado nos diversos idiomas que configuram a teia linguística do continente africano, dos quais os principais são os de origem francesa, inglesa e portuguesa.
Esta literatura se enraíza principalmente no movimento denominado negritude. A primeira leva de escritores africanos, a qual participou do primeiro congresso de escritores da África, concretizado em 1956 na capital francesa, inspirou-se nas revoltas de caráter anticolonialista. Entre eles figuram nomes como Léopold Sédar Senghor, Mongo Beti, Bernard Dadié, Ahmadou Kourouma, Sembene Ousmane, Fernand Oyono, Tchicaya U’Tamsi e Sony Labou Tansi.
Já as obras escritas após a emancipação das colônias africanas se basearam em outra realidade, na qual imperavam os governos totalitários, as agitações tribais, as revoluções e golpes de estado. Elas condenavam as atitudes repressivas, os desmandos dos governantes, ou simplesmente narravam as vivências de seus autores sob este contexto. Por outro lado, alguns escritores procuravam resgatar as antigas tradições.
A literatura exercitada neste continente ganhou repercussão mundial por meio de autores renomados e premiados, como Wole Soyinka, da Nigéria; Nadine Gordimer, da África do Sul; e o egípcio Naguib Mahfuz, todos detentores do Prêmio Nobel de Literatura. Destacam-se também o queniano Ngugi Wa Thiong’o, o poeta ugandense Okot p’Bitek, entre outros.
Não se pode subestimar o papel significativo que as mulheres africanas exerceram nesta literatura; em seus livros elas relatam suas experiências complexas e peculiares, em um continente no qual as mulheres ainda enfrentam problemas típicos dos séculos passados, como a poliquimia, ser mãe, a prostituição e a subjetividade feminina, além das formas encontradas para fugir da intensa repressão que sofrem.